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Ubatuba de Todos Nós!

O Litoral Norte de São Paulo é uma das regiões mais bonitas do Brasil e por isso bastante explorada pelo turismo. A gente já ouvia falar da presença naquela região de comunidade de pescadores, pequenos artesãos e outros trabalhadores que lutam pela preservação da cultura caiçara, constantemente ameaçada pela cultura de massa que é utilizada para atrair os turistas. Desta vez, tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente essa gente e essas histórias.

A apresentação em Ubatuba foi no centro antigo da cidade, que é também onde se concentra o comércio popular. Chegamos e encontramos aquela atmosfera típica: calçadão, muitas lojas, pessoas indo e vindo com sacolas, carros de som anunciando ofertas, etc.

Mesmo em um ambiente assim, digamos, poluído visualmente, a chegada de uma trupe dispondo um cenário na praça atrai a atenção das pessoas. Muita gente parando e perguntando o que aconteceria ali. E é só a viola começar a chorar e a sanfona arrochar que todo mundo pensa em deixar para trás seus compromissos para sentar um pouquinho e curtir. Neste dia muitos fizeram isso! Muita gente deixou as compras do lado da cadeira, ficou primeiro espiando de longe, olhando no relógio, para depois sentar... É bonito de ver a arte mudando o cotidiano das pessoas. Entretanto, muita gente saiu de casa só pra ver o espetáculo também. Resultado do trabalho de divulgação da produção e dos apoiadores. Isso a gente também gosta de ver!

O público estava generoso e numeroso! De repente, aquele caos do comércio, aquele vai e vem tumultuado, parecia ter sido suspendido, como se o tempo parasse um pouquinho para dar lugar à poesia.

Ao fim, fizemos o bate papo com algumas pessoas do público para ouvir suas histórias. Foi quando nos deparamos com essa resistência da cultura caiçara. Como infelizmente é bastante comum nas pequenas cidades, ouvimos muitas queixas a respeito do descaso com cultura local por parte do poder público. Ouvimos relatos de festas tradicionais que perderam o sentido genuíno com apoderamento do poder público que visa apenas agradar os turistas. Assim, por exemplo, as músicas tradicionais perderam espaço para os hits de sucesso.

Ouvimos também lendas regionais e nesta prazerosa audição descobrimos uma ligação entre a terra de onde partimos, Itanhaém, e onde estávamos, Ubatuba. Trata-se da lenda da maldição de Cunhambebe que, segundo os relatos que ouvimos, os professores são orientados a não contar às crianças por passar uma imagem negativa da região. Esta lenda conta que índios foram levados à força para o trabalho escravo justamente para a região de Itanhaém. Passamos então a falar sobre as similaridades que existem entre nossas regiões, nossas realidades e nossas buscas por transformação. Queremos o mesmo, ou seja, um olhar mais generoso para os mais velhos, para a cultura popular, para a sabedoria dos antigos, pois acreditamos que sem memória não podemos construir um futuro melhor.

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Por Kely de Castro.

Em breve mais um registro das nossas andanças.

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